Transformei o muito que desconhecia de mim em tatuagens. Couberam-me assim letras e sonhos.
Penso
encantada: O mundo não é mesmo muito pequeno? Hoje cabe no meu jardim.
Na minha pele. Suspiro enlevada: Amo mesmo é Gabriel Garcia Marquez e
Roberto Drummond.
E você, me devolve quando os meus Cem anos de Solidão?
Para isso, desejei traçar-lhe um mapa para que chegasses onde em mim é verde e paz.
Onde se esconde entre primaveras e papoulas um coração em que grilos cantam e borboletas e beija-flores zunem: você.
Onde
mora aquela que dança descalça e despida de mentiras e roupas. Sem
motivo algum ou apenas para comemorar a matéria de que é feita: sangue,
ossos e excessos.
Em que banho-me do porvir, ainda marcada com a escrita do lençol na
minha pele, que leio sobre o sonho bom da noite passada. Pinto as unhas,
cato bondade, arranco mentiras e máscaras tal qual ervas daninhas.
Onde eu seria. Teu jardim. Amor. Teu.
Mas não encontrei sequer uma folha em branco.
Ainda assim continuo cantando. Tal qual sereia.
E sinto teu medo de afundar-se em mim, acreditando num maternal delírio gertrudiano de beleza, morte, flores e limpidez.
Porque foi assim, da boca da tua mãe, que soubeste-me. Mas aquela era água lodosa.
Ah,
Homem! No fundo, meu mergulho na inexistência foi necessidade tua, não
minha. Para não conheceres a megera que te devoraria em noites, páginas,
pétalas e roupas arrancadas.
Descansa em meu peito, amor. Nossa história é outra.
Porque
és tu que contas de meus sumos e são as suas palavras que da minha boca
escorrem quando os desejos são tão excessivos que nem suores, mãos
molhadas, banhos frios ou minha nudez líquida podem mostrar do que é
feita essa vontade de mim em você e do oceano inteiro em nós.