sábado, 10 de agosto de 2013

Pedra

simples assim 
nunca mais 
me separo de mim 

Lau Siqueira

Quando voltei a escrever, foi sobre a separação ser uma espécie de faxina em que ficamos tão, tão cansadas. E que dificilmente terminamos. Foi num blog onde eu não assinava com meu nome e já faz alguns anos. Esse texto passou a começo de um livro que não cheguei a terminar e tampouco sei em que local da memória de que computador se perdeu. O blog, como os outros, foi interrompido porque sim.

Era ontem quando saí daquela casa, que já foi meu ateliê. Num quintal que agora é dos meus pais, casados novamente depois de trinta e três anos de separação. Depois de jogar tanta coisa fora. Abrir espaços nas gavetas, separar para doar tudo o que decididamente não vou mesmo usar, de insistir em continuar me tentando artista, mesmo depois de tantas e recorrentes negativas.

Desci do ônibus sem pagar a passagem porque o cobrador não tinha troco, combinando de nos cruzar por aí, mandei pelos correios um envelope com um portfólio e vários impressos de exposições que participei e dentre os quais se encontrava o convite pro lançamento do livro artesanal "Todas Essas Coisas Sem Nome", esse que é o primeiro.e logo mais.

Também abracei a amiga, escutei a voz do homem que me apareceu quando quis, porque é simplesmente assim que tem que ser, dediquei mal escritas linhas a primeira letra de um nome, que notei ser aquela mesma do passado.

Foi bem depois de já ter conversado sobre essa pedra negra. Com a menina que conheci naquele vilarejo longe do mundo e onde a amiga disse que me procurasse. Foi ontem no mundo, onde durmo vez ou outra, que essa mesma menina me acordou apenas para colocá-la na minha mão, depois de ter sido enviada pelo rapaz que a ama e com quem compartilhei sorrisos, especialmente para mim. Depois me disse para continuar sonhando. 

O nome da pedra é Turmalina e diz-se dentre outras coisas, que protege das maldições e feitiços da vida presente e passada. Acordou na minha mão quando finalmente desisti de nomear o sentimento que não cansa de me surpreender enquanto me (en)canta.

É apenas uma pedra. Se eu quiser. Para o que eu quiser. Inclusive poesia.

Finalmente o que eu escrevo não precisa mais fazer sentido nenhum para você.

Um comentário:

  1. Sempre me confundi com o Cummings, nunca sabia se c.c. cummings ou e.e. cumings. Mas escrevia em minúsculas, daí a reminiscência (Gézuiss, reminiscência...parece uma patologia). Tá, mas aí o cummings minusculuso e você minisculosa, só essa a coincidência. O texto, gostei porque despreocupado (me pareceu assim), um rio de associações que não querendo fazer sentido, tem, não só sei como. Mas hoje faz um dia tão bonito, cinzentão e chuvoso, do jeito que eu gosto, então eu queria que você soubesse que o texto. O teu. Me fez bem. Saudade de gente assim. Abraço.

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