segunda-feira, 27 de março de 2017

Ponto final


Meia noite (em ponto) e coloquei um ponto final na dissertação. Podem me abraçar e guardar o sapatinho de cristal que encontrarem poraí. Mas até lá e anteontem... Meu melhor amigo presenciou um momento do qual lembrarei por mais algum tempo. O stress com a escrita da dissertação, que vem (per)durando dois anos, somado ao barulho do ventilador que ele ligou e queria fazer girar, mesmo com defeito, me fez TER que me afastar para não quebrar ventilador, notebook e dar um soco no seu nariz. 

Sério, eu imaginei e "planejei" vivamente a cena toda. Em segundos. E ia mesmo sair na porrada com "tudo". Até que decidi, sem ainda sentir absolutamente nada parecido com medo ou de ter analisado "friamente" o risco (até porque o amigo é forte à beça, né?). 

Não. 

Daí foi sentar no banco do jardim, inspirar pelo nariz e soltar pela boca, levantar a mão numa espécie de pedido de "mais tempo para responder", enquanto melhor amigo, aperreado, insistia em perguntar se eu estava bem, sem (ainda) saber que quase tinha sido vítima da minha raiva e impotência diante dum wor(l)d inteiro. 

Até que vieram as lágrimas e Maya, a gata, que desceu do telhado e ficou junto de mim, colada ao meu corpo, o que também me ajudou a recuperar um pouco do auto-controle. E veio a conversa com o melhor amigo e depois, montes de outras coisas, inclusive uma cabeçada que ele me deu enquanto dormia e eu apenas tentava mater os olhos fechados um momento, durante o intervalo da diagramação da tal dissertação, que só terminou muitas, muitas horas depois.

Que dia é hoje, alias?

Então é isso. Somos todos muito violentos e maus, meus amores. E bons e delicados. Fortes e fracos. Sentimos montes de coisas sem nome que podem fazer um mal danado à quem convivemos. Mas que também nos fazem humanos, junto com a capacidade de decidir, não por medo ou instinto, mas sim pelo que alguns chamam de amor, a lidar com nós mesmos e com essa ruma de sei lá o quê. 

Também ontem bubuio, amor de muitas vidas e tantas mortes, disse que, no processo destes dois anos, me tornei mais doce. Vamos torcer para que, daqui em diante, nenhum ventilador ou tese faça com que eu mude de ideia, né nom?

Ah, também tenho usado cada vez menos a "desculpa" de procurar "na rua" o que "não tenho em casa". Até porque tenho perdido um monte de coisa por aqui mesmo. Por exemplo, quase ainda agora: cadê a porra do martelo?

O que me levou a pensar em profissões...

Porque, né? Aprovação do lance da terceirização e tals... e já que estamos todos fudidos e no mesmo barco, apesar de ter muito mais gente na terceira classe...

Eu gosto de sexo. Bastante. Mas fazer isso profissionalmente deve incluir conversar muito e "alisar" demais no papo, sendo sociável (argh!), quiném assistente de telemarketing e/ou psicológ@, né? E caraaaaaaaaaa, também deve ter que sair muito de casa... tipo, quase todos os dias mezz, feito gente que trabalha em escritório com outras pessoas (!!!) ou no comércio de produtos e serviços "tradicional" ("tradicional" apenas porque mais aceito socialmente)... e minha deusa (!!!) tudo isso usando roupas, acessórios e afins que outras pessoas possam e queiram ver... 

E não esqueçamos dos sapatos... 

Medos, muitos medos. E também respeito por tod@ profissional que encarou quase que diariamente, com mais ou menos direitos trabalhistas, esses paranuês todos aê, seja por necessidade ou por tesão, como também já encarei um dia.  

É que também, além de doce, tornei-me uma pessoa, que tirando poucos e bons amigos e amigas, com quem sequer transo, e um ou outro boteco, onde gosto de gargalhar c'alguém da mesa vizinha uma vez por mês (ou mais constantemente quando viajo à trabalho) não tenho muito saco p'ressas coisas estranhas de interação social constante não.

Melhor então continuar artista visual e escrever mezz... profissões onde ser "esquisita" e viver como uma ermitã mulambenta longos períodos de tempo é "até" considerado "coisa do ramo" e tals...

Mas olha, te contar... né todo mundo que PODE escolher o que calçar não. Ou o que escrever. Ou no que trabalhar. 

Como eu, por exemplo.

Agora pronto. Mesmo. 

Por hoje, pelo menos.

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